Ano II Número 13 - Janeiro 2010
Poesia - Arnaldo Xavier
Poesia - Arnaldo Xavier
Corina Spencer
the room 2008 oil on canvas 152x122
Com estes dois poemas, completa-se o livro/poema
Palácio Mínimo, Mini Morte, de Arnaldo Xavier.
Axévier, Arnaldo!
Vazada linha ave imperceptível avessa corroa
Silenciosos passos soprados de dunas roxas
Sombras de velha estrada vento azul desfaz
Pesado fogo gota de barro frio rastro risca
Inteiriça navalha língua recorte sentido caís
Vida como traço indeciso horizonte de fios
E vidros sobrancelhas caídas sobre lâmina
Dágua bêbada flutua mais um olhar perdido
Parede branca carne roda de carro louco
Acesa dor repinta o fruto de morto adorno
Perplexo botão e rosa verbo triste sangra
Espelho quebrado de caminho retorno apaga
Pela veia fria o efêmero sorriso vermelho
Refaz estas duas asas cortadas sobre a pia
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Origem etérea semente transplanta
Navalha redança modelando flauta
Adormece pedra sendo pedra canta
Peça louca brasa lança infernauta
Embora luz encubra sinal de perda
Satânica vassoura modula deserto
Do amor mais-que-encantado seca
Língua vermelha de dragão incerto
Óssea esquina vento frio lambeu
O interior da terra mais profunda
Rastro humano ventolouco comeu
Prato de pedaços de fruta escura
O coração em cálice lilás afunda
Asas crescem da que fera murmura
[ in Palácio Mínimo, Mini Morte, inédito ]
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